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Infelizmente, é muito comum sentir-se burro, incapaz ou menos inteligente que outra pessoa, principalmente no meio escolar. Ouvimos muito as pessoas dizerem a alguém que não consegue resolver uma equação de segundo grau que ela é "burra", mas não vemos com tanta frequência alguém ser chamado ou sentir-se burro por não se relacionar bem com os colegas, por exemplo.

Isto ocorre pois a ideia socialmente formada de "inteligência" é medida pela capacidade lógico-matemática dos indivíduos e, por isso, aqueles que dominam as áreas mais exatas recebem mais prestígio em relação aos que dominam as linguagens, traços afetivos e artísticos, por exemplo. É só se propor a fazer qualquer teste clássico de "Q.I" para comprovar isto: as questões são majoritariamente de lógica, noção espacial ou matemática. O Q.I é uma medida muito famosa e representa uma clássica tentativa de padronizar e mensurar a inteligência dos indivíduos humanos. Mas será que o teste representa a complexidade da inteligência humana?

É certo que esse teste é bem pretensioso e controverso, uma vez que os conceitos mais atuais de inteligencia denotam uma densa quantidade de dimensões que a definem, isto é, a inteligência humana é uma esfera complexa e ainda muito misteriosa. Então, temos uma teoria bem relevante atualmente, desenvolvida pelo psicólogo Howard Gardner, chamada de "inteligências múltiplas"

Você já se sentiu burro ou burra?

Marie Curie

Se entendermos a inteligência como a capacidade de aprender, é evidente, inclusive do ponto de vista biológico, que existem fatores genéticos e ambientais (o que inclui fatores econômicos e sociais) que interferem diretamente neste processo. Além disso, a escola tem papel fundamental no reconhecimento e desenvolvimento destas inteligências, mas quantos de nós praticamos constantemente a escrita, discussões, música, arte, cultura, formas de lidar com os outros e com nós mesmos na escola? Nos moldes que praticamos a educação atualmente é muito difícil que isso seja realidade na maioria das escolas brasileiras. Este é o ponto: no formato atual, predominam a inteligência lógico-matemáticas, ignorando a importância das outras inteligências. 

Uma criança que leva mais tempo para dominar uma operação matemática simples pode necessitar de uma outra forma, mais adequada a sua forma de pensar; simplesmente não ter uma alta potencialidade de desenvolver raciocínios lógico-matemáticos ou pode estar vendo aquele processo de ângulos profundos, dando a impressão que não está compreendendo, quando na verdade está compreendendo em seu devido tempo. Esta nova concepção de inteligência demanda muito cuidado dos educadores, que devem olhar os alunos de forma mais individualizada, entendendo as complexidades de cada um;

E na escola?

Ative a legenda!

Honestamente, qual das duas mulheres você acha mais inteligente: Rosalind Franklin ou Serena Williams? Pela ideia clássica de inteligência, diríamos veementemente que se trata da primeira. Entretanto, baseando-se na teoria de Gardner, as inteligências não são necessariamente comparáveis, então não é possível ranquear as pessoas, pois cada um possui um conjunto diferente de habilidades. Enquanto Serena é incrivelmente habilidosa na noção corporal-cinestésica, Rosalind é excepcional nas noções lógico-matemáticas e naturalísticas. Desta mesma forma, como não admirar a inteligência musical de Adele ou a inteligência linguística de Clarice Lispector? A ideia central de Howard é que todos possuímos estas diversas diversas inteligências e que nenhuma é melhor ou mais valiosa que a outra, mas que dentro de cada indivíduo, se manifestam e desenvolvem de acordo com as necessidades, biologia, cultura e ambiente de cada um!

Pelo contrário! Se descubra, conheça suas capacidades e suas limitações. Trabalhe elas na medida do possível, visto que ter noções básicas das áreas linguísticas, emocionais, naturais, musicais, artísticas, matemáticas e científicas, são essenciais para contribuirmos com a sociedade! Busque se desenvolver intelectualmente sempre, mas reconhecendo que isso é mais que ler, escrever e fazer contas. Isso passa por aprender sobre novas culturas, aprender uma nova língua, um novo instrumento, aprender técnicas e novas formas para se comunicar e se relacionar, refletir sobre a sociedade, praticar esportes, dança, leitura, escrita, discutir política, amar o próximo e ser parte da natureza também. Somos seres multifacetados, ricos em potencialidades. Pensar assim também evita que caiamos no erro de nos medir por exames escolares, achando que somos melhores ou piores mediante as clássicas e já tão ultrapassadas avaliações. Descubra-se e surpreenda-se, você é mais que uma prova

Portanto, nunca sinta-se "burro" ou "burra"!

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